De longe e de fora
Era como uma bolha. Um sofrimento interno agudo, um bloqueio mental talvez. Uma visão altamente sofrível e dentro de algo que não funcionava, como um desvio comportamental. A intenção era das melhores, mas não tinha como suscitar o sucesso. O impossível não seria jamais possível dentro daquele padrão, todos sabiam, inclusive nós. A verdade era simplesmente nua e crua, tão nua e tão crua que não poderíamos enxergar, tão forte e tão presente no nosso vazio emocional que chegava a ser assustador. Fortes também eram os ventos que sopravam direção afora nas idéias malucas levantadas dentro daquela bolha. A imensidão da diferença era jamais vista, não tinha como chagar a algum lugar. Porque então alguém (de dentro ou de fora) pensou que seria possível? Não se pode imaginar o porque. Assim como não se pode resolver o impossível e assim como só se pode aceitar o previsível, a bolha estourou e liberdade dos fatos veio à tona com uma clarividência fenomenal, mesmo que para isso levasse alguns dias para um dos internos, já o outro, só ele sabe. Ficou assim acertado que de dentro se enxerga diferente, só não se pode enxergar mal, mas o que te cega afinal? O acúmulo de informação, uma visão precipitada ou uma estranha vontade de que dê certo. Enfim, não se sabe. Agora se sabe apenas que abertura de panorama te faz pensar melhor e que um possível mesmo erro seja quase impossível. Sustentar repetidos erros se chama burrice e isso não é aceitável, ao menos não para mim. Assim como aqueles que amam a ironia dentro da literatura, lembrei de uma frase de Machado de Assis: “Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis”. Guardadas as devidas proporções, nomeações e conversões monetárias, olhando de longe e de fora, posso apenas dizer que Machado foi um gênio não apenas da literatura, mas da vida.